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Piedad Filial

por Artur Azevedo, traducción de Camilo Perdomo

Traducción del portugués por Camilo Perdomo
Texto original de Artur Azevedo
Edición por Ángela Cuartas
Imagen: «Uma Noite Gravada Na Alma» de Oswaldo Goeldi

Brochado vino jovencito a Río de Janeiro y arrancó aquí con el pie derecho, porque rápidamente consiguió empleo y dos años después ya era jefe de empleados con un magnífico sueldo y una gran chequera de la Caixa Econômica. 

Se consideraba feliz. Solo una cosa lo afligía: extrañaba a su padre, que se había quedado en su país natal. 

Un día en que, al pasar por una tienda de la Rua de Ouvidor, vio expuesto un retrato al óleo, se le ocurrió mandar a pintar uno de su viejo padre, con la intención de colgarlo frente a su cama. 

¡Al no poder tener cerca su persona, al menos tendría cerca su imagen!

Brochado averiguó el lugar de residencia del pintor y fue a buscarlo. 

—Venía a pedirle que pintase el retrato de mi padre. 

—Con mucho gusto. 

—Pero no quisiera algo que me costase más de tres mil reales, es todo lo que puedo pagar.

—¡Vaya! Está bien. No es mi precio habitual, es muy barato, pero si usted no puede pagar más, ¡ni modo! ¿Dónde está su señor padre? 

—En Portugal. 

—¡Ah! ¿Está ausente? Es una pena, porque no me gusta hacer retratos sin tener delante los respectivos modelos. En fin, ya que no hay remedio…

—¿Hará el retrato? 

—Lo haré. Tenga la gentileza de entregarme la fotografía. 

—¿Cuál fotografía? 

—La de su señor padre. 

—No poseo ninguna. 

— ¡Ah! ¿No tiene una fotografía? ¿Entonces tendrá un dibujo?

—¿Qué dibujo? 

—Cualquier retrato de su padre. 

—Pero si el retrato me lo va a hacer usted. 

—¿Pero no tiene otro, del cual yo pueda copiar el mío?

—No, señor; si tuviese el retrato de mi padre, no le encargaría a usted otro; ¡me bastaría con uno!

—¿Usted supone entonces que yo soy un telefotógrafo? 

—¿Un qué?

—¿Cómo quiere que haga un retrato de una persona a la que no conozco, que nunca he visto y que tampoco está presente? 

—Le daré todas las indicaciones necesarias. 

El pintor comprendió entonces el tipo de hombre que tenía delante suyo y pensó que no debía dejar perder los tres mil reales que ya tenía ganados. 

—Bueno—dijo él— deme usted las indicaciones…

—Mi padre se llama Francisco Brochado. 

—El nombre no es necesario.

—Es viudo. 

—Adelante.

—Tiene unos cincuenta años. Es alto, delgado, barbado, rubio y con un corte de cabello a cepillo. Yo me parezco a él. 

—Con eso me basta —dijo el pintor—. Dentro de tres días, puede mandar a buscar el retrato. 

Brochado hijo salió y el día acordado estaba en casa del artista. 

—¡Ahí tiene usted a su padre! —, dijo el pintor señalado un retrato que estaba en el caballete. 

Brochado se acercó, hizo un gesto de sorpresa y pasó mucho tiempo mirando la pintura. 

Después, las lágrimas comenzaron a caer por su rostro. 

—¿Qué le pasa, señor?… ¿Por qué llora? —preguntó el pintor. 

Y el pobre diablo, con la voz ahogada entre sollozos, exclamó. 

—¡Qué cambiado está mi padre!

O Brochado veio rapazito para o Rio de Janeiro e saltou aqui com o pé direito, porque arranjou logo emprego, e dois anos depois estava primeiro caixeiro, com magnífico ordenado e caderneta na Caixa Econômica.

Considerava-se feliz; só uma coisa o afligia: as saudades do pai, que deixara na aldeia.

Um dia em que, passando por uma loja da Rua do Ouvidor, viu exposto um retrato a óleo, lembrou-se de mandar pintar o do velho, a fim de pendurá-lo defronte da cama. 

Não podendo ter perto de si a pessoa, teria ao menos a imagem de seu pai!

O Brochado informou-se da residência do pintor e foi ter com ele.

— Vinha pedir-lhe que me pintasse o retrato de meu pai.

— Com todo o gosto.

— Mas não queria coisa que me custasse mais de trezentos mil-réis. ~ quanto posso pagar.

— Está dito! Esse não é o meu preço, é muito barato; mas como o senhor não pode pagar mais, paciência! Onde está o senhor seu pai?

— Em Portugal.

— Ah! está ausente? É pena, porque não gosto de fazer retratos senão diante dos respectivos modelos. Enfim, como não há remédio…

— Faz o retrato?

— Faço. Queira mandar-me a fotografia.

— Que fotografia?

— Do senhor seu pai.

— Não tenho. 

—Ah! não tem fotografia? Tem então um desenho?

— Que desenho?

— Um retrato qualquer do senhor seu pai.

— O retrato vai o senhor fazer-mo.

— Mas o senhor não tem outro, do qual eu possa copiar o meu?

— Não, senhor; se eu tivesse o retrato de meu pai, não lhe encomendava outro; bastava-me um!…

— O senhor supõe que eu seja um telefotógrafo?

— Um quê?

— Como quer o senhor que eu faça o retrato de uma pessoa que não conheço, que nunca vi, e que não está presente?

— Dar-lhe-ei todas as informações necessárias.

O pintor compreendeu então que espécie de homem tinha diante de si e logo pensou em não perder os trezentos mil-réis que estavam ganhos.

— Pois bem — disse ele —vamos às informações…

— Meu pai chama-se Francisco Brochado.

— O nome não é preciso.

— É viúvo.

— Adiante.

— Tem coisa de cinqüenta anos. É alto, magro, barbado, louro, e corta cabelo à escovinha. Eu pareço-me com ele.

— É quanto basta — disse o pintor. — Daqui a três dias pode mandar buscar o retrato.

O Brochado Filho saiu, e no dia aprazado lá estava em casa do artista.

— Ali tem seu pai! — disse este apontando para um retrato que estava no cavalete.

O Brochado aproximou-se, teve um gesto de surpresa e levou muito tempo a olhar para a pintura.

Depois, as lágrimas começaram a deslizar-lhe pela face.

— Que tem o senhor?… Por que chora? — perguntou o pintor.

E o pobre diabo, com a voz embargada pelos soluços, exclamou:

— Como meu pai está mudado!…

O Brochado veio rapazito para o Rio de Janeiro e saltou aqui com o pé direito, porque arranjou logo emprego, e dois anos depois estava primeiro caixeiro, com magnífico ordenado e caderneta na Caixa Econômica.

Considerava-se feliz; só uma coisa o afligia: as saudades do pai, que deixara na aldeia.

Um dia em que, passando por uma loja da Rua do Ouvidor, viu exposto um retrato a óleo, lembrou-se de mandar pintar o do velho, a fim de pendurá-lo defronte da cama. 

Não podendo ter perto de si a pessoa, teria ao menos a imagem de seu pai!

O Brochado informou-se da residência do pintor e foi ter com ele.

— Vinha pedir-lhe que me pintasse o retrato de meu pai.

— Com todo o gosto.

— Mas não queria coisa que me custasse mais de trezentos mil-réis. ~ quanto posso pagar.

— Está dito! Esse não é o meu preço, é muito barato; mas como o senhor não pode pagar mais, paciência! Onde está o senhor seu pai?

— Em Portugal.

— Ah! está ausente? É pena, porque não gosto de fazer retratos senão diante dos respectivos modelos. Enfim, como não há remédio…

— Faz o retrato?

— Faço. Queira mandar-me a fotografia.

— Que fotografia?

— Do senhor seu pai.

— Não tenho. 

—Ah! não tem fotografia? Tem então um desenho?

— Que desenho?

— Um retrato qualquer do senhor seu pai.

— O retrato vai o senhor fazer-mo.

— Mas o senhor não tem outro, do qual eu possa copiar o meu?

— Não, senhor; se eu tivesse o retrato de meu pai, não lhe encomendava outro; bastava-me um!…

— O senhor supõe que eu seja um telefotógrafo?

— Um quê?

— Como quer o senhor que eu faça o retrato de uma pessoa que não conheço, que nunca vi, e que não está presente?

— Dar-lhe-ei todas as informações necessárias.

O pintor compreendeu então que espécie de homem tinha diante de si e logo pensou em não perder os trezentos mil-réis que estavam ganhos.

— Pois bem — disse ele —vamos às informações…

— Meu pai chama-se Francisco Brochado.

— O nome não é preciso.

— É viúvo.

— Adiante.

— Tem coisa de cinqüenta anos. É alto, magro, barbado, louro, e corta cabelo à escovinha. Eu pareço-me com ele.

— É quanto basta — disse o pintor. — Daqui a três dias pode mandar buscar o retrato.

O Brochado Filho saiu, e no dia aprazado lá estava em casa do artista.

— Ali tem seu pai! — disse este apontando para um retrato que estava no cavalete.

O Brochado aproximou-se, teve um gesto de surpresa e levou muito tempo a olhar para a pintura.

Depois, as lágrimas começaram a deslizar-lhe pela face.

— Que tem o senhor?… Por que chora? — perguntou o pintor.

E o pobre diabo, com a voz embargada pelos soluços, exclamou:

— Como meu pai está mudado!…

O Brochado veio rapazito para o Rio de Janeiro e saltou aqui com o pé direito, porque arranjou logo emprego, e dois anos depois estava primeiro caixeiro, com magnífico ordenado e caderneta na Caixa Econômica.

Considerava-se feliz; só uma coisa o afligia: as saudades do pai, que deixara na aldeia.

Um dia em que, passando por uma loja da Rua do Ouvidor, viu exposto um retrato a óleo, lembrou-se de mandar pintar o do velho, a fim de pendurá-lo defronte da cama. 

Não podendo ter perto de si a pessoa, teria ao menos a imagem de seu pai!

O Brochado informou-se da residência do pintor e foi ter com ele.

— Vinha pedir-lhe que me pintasse o retrato de meu pai.

— Com todo o gosto.

— Mas não queria coisa que me custasse mais de trezentos mil-réis. ~ quanto posso pagar.

— Está dito! Esse não é o meu preço, é muito barato; mas como o senhor não pode pagar mais, paciência! Onde está o senhor seu pai?

— Em Portugal.

— Ah! está ausente? É pena, porque não gosto de fazer retratos senão diante dos respectivos modelos. Enfim, como não há remédio…

— Faz o retrato?

— Faço. Queira mandar-me a fotografia.

— Que fotografia?

— Do senhor seu pai.

— Não tenho. 

—Ah! não tem fotografia? Tem então um desenho?

— Que desenho?

— Um retrato qualquer do senhor seu pai.

— O retrato vai o senhor fazer-mo.

— Mas o senhor não tem outro, do qual eu possa copiar o meu?

— Não, senhor; se eu tivesse o retrato de meu pai, não lhe encomendava outro; bastava-me um!…

— O senhor supõe que eu seja um telefotógrafo?

— Um quê?

— Como quer o senhor que eu faça o retrato de uma pessoa que não conheço, que nunca vi, e que não está presente?

— Dar-lhe-ei todas as informações necessárias.

O pintor compreendeu então que espécie de homem tinha diante de si e logo pensou em não perder os trezentos mil-réis que estavam ganhos.

— Pois bem — disse ele —vamos às informações…

— Meu pai chama-se Francisco Brochado.

— O nome não é preciso.

— É viúvo.

— Adiante.

— Tem coisa de cinqüenta anos. É alto, magro, barbado, louro, e corta cabelo à escovinha. Eu pareço-me com ele.

— É quanto basta — disse o pintor. — Daqui a três dias pode mandar buscar o retrato.

O Brochado Filho saiu, e no dia aprazado lá estava em casa do artista.

— Ali tem seu pai! — disse este apontando para um retrato que estava no cavalete.

O Brochado aproximou-se, teve um gesto de surpresa e levou muito tempo a olhar para a pintura.

Depois, as lágrimas começaram a deslizar-lhe pela face.

— Que tem o senhor?… Por que chora? — perguntou o pintor.

E o pobre diabo, com a voz embargada pelos soluços, exclamou:

— Como meu pai está mudado!…

Camilo Perdomo, filósofo y traductor colombiano. Se ha especializado en estética, ensayo y narrativa. Se dedica a rescatar obras inéditas en español, rarezas literarias y a recuperar la voz de autores y autoras olvidados.